Sabe quando você escuta uma música e, na mesma hora, se lembra de alguém? Em alguns momentos da minha vida, algumas pessoas já me disseram “Essa música me lembra você” ou “Escute, é a sua cara!”. Todas as vezes que isso aconteceu, as músicas em questão ficaram marcadas para mim, e uma dúvida surgiu: por que as pessoas me associam a essas músicas?

Sempre que eu ouço algo e lembro de alguém, costumo indicar a música para a pessoa junto com uma explicativa, por exemplo: “Escuta essa música… Lembrei de você porque sei que esse estilo é muito parecido com o que você curte”. Dessa forma, a pessoa sabe o porque eu lembrei dela. Mas quase nunca fizeram isso comigo.

Essas são as 4 músicas que, ao longo da vida, as pessoas disseram ouvir e lembrar de mim (em situações completamente aleatórias), e eu nunca mais esqueci.

Turn Me On – David Guetta ft. Nicki Minaj

O ano era 2011 e David Guetta tinha muitas músicas de sucesso. Se você ligasse a TV na MTV ou no Multishow, pode ter certeza que veria, pelo menos, um clipe musical dele.

Eu gostava bastante das músicas do Guetta nessa época, e da Nicki Minaj também, mas não a ponto de as pessoas me associarem a isso.

Eu tinha 11 anos, e desde cedo gostava muito de ouvir músicas em inglês, pesquisar a letra original e a tradução. Era incrível saber o que eu estava cantando e do que a música se tratava.

Apesar de ainda ser uma criança, eu já sabia que uma música cujo título é “Me excite”, e na letra a cantora praticamente implora para um “doutor” tocá-la para que ela volte a viver não é nada inocente. Imagine minha surpresa quando uma amiga minha, que tinha a mesma idade que eu, me disse “Essa música é a sua cara”.

De início, achei engraçado e fiquei pensativa — na verdade, acho que tenho essa sensação até hoje. Isso porque, após dizer que a música era minha cara, eu questionei o porque e ela não soube responder, só disse que era e ficou cantarolando e curtindo a música. Simples assim.

Será que ela sabe sobre o que eles estão falando na música? Se sabe, por que raios ela associa isso a mim? Será que ela só pensa que é um estilo de música que eu gosto? Nunca tive respostas para essas perguntas.

What The Hell – Avril Lavigne

Continuamos em 2011, e acho importante dizer que eu sempre fui emo, apesar de não demonstrar tão claramente. Todas as meninas da minha idade amavam as músicas da Avril Lavigne, ela era a adolescente rebelde que nós queríamos ser, e What The Hell mostrava isso.

Eu me apeguei muito a esse trecho quando ouvi de um amigo que “Essa música é a sua cara”. De novo, a mesma frase, e a mesma justificativa: porque sim. Será que eu era tão “dane-se” pra tudo que ele associava a música a mim?

Analisando a letra agora, vejo que é ainda pior: ela ficando com vários caras e humilhando o que realmente a quer — e eu, tadinha, nunca tinha nem beijado na boca.

Acho muito engraçado que esse meu amigo tenha dito isso sobre essa música, porque anos depois, pessoas da minha família já me disseram várias vezes que ele sempre foi afim de mim, e na minha cabeça isso é impossível porque sempre fomos muito amigos, eu nunca vi nada além de amizade e ele também nunca demonstrou nada diretamente. Mais um dilema que eu, provavelmente, nunca terei resposta.

Olhando pelo lado do “que se dane!” e da postura adolescente rebelde que eu enxergava da música, acho que faz sentido. Na época eu nem pensava nisso, mas hoje em dia já escutei de pessoas que conviveram comigo anos atrás dizendo que me admiravam porque eu nunca ligava muito pra opinião dos outros, só vivia minha vida sem me importar com o que iam pensar (o que não é 100% verdade, mas era a imagem que eu passava).

He Can Only Hold Her – Amy Winehouse

A música é de 2006, mas a primeira vez que a ouvi foi em 2019, em uma resenha da faculdade.

Eu estudava de manhã e, frequentemente, nós saíamos da aula e passávamos a tarde no bar que havia em frente a faculdade. Em uma dessas vezes, estávamos ouvindo música pelo meu celular, cada pessoa escolhia uma, e quando chegou a vez de uma das minhas colegas de classe escolher, ela colocou essa da Amy Winehouse já com tradução e me disse “Essa música é totalmente você, leia a letra dela pra ver se não encaixa” — finalmente alguém que me trouxe uma justficativa!

Eu entendi o que ela quis dizer e porque associava a música a mim na mesma hora em que li a letra. Embora a música fale sobre uma mulher que ainda é atormentada por um antigo amor e tem um homem que a ama tentando consolá-la apesar do vazio, a parte que se associava a mim é a de ter pessoas dispostas a me amarem, porém eu não ligar muito pra isso.

Eu tinha de 19 pra 20 anos, nunca havia namorado, não ligava pra namoro nem pra relações românticas. Sempre fiquei na minha, vivendo e correndo atrás dos meus objetivos, não queria saber de amor, e acho que é por isso que essa colega associava a música a mim. Eu gostei bastante da música e dessa associação, tanto que ela entrou para minha playlist de músicas especiais da vida.

Vitoriosa – Liniker

Música de 2021, que conheci ano passado (2023), se não me falha a memória. Minha melhor amiga, que é super fã da Liniker, me enviou o link da música pelo WhatsApp e disse “Amiga, lembrei de você quando escutei essa música, acho que você vai gostar. Além disso, a música tem o seu nome”.

Nada mais significativo do que uma música que carrega meu nome, não é? Ela é exatamente no estilo de música que eu gosto: alegre, com vários momentos e elementos para prestar atenção, e eu me vejo na letra dela.

“Você tão Brasil no jeito,
Peito em paz pra seduzir
Teu beijo, me causa vendaval
Me fala a verdade, a torto e tal”

Essas são as músicas que já associaram a mim e me marcaram. Você também tem alguma música que já te associaram a ela?